Michel Temer ultrapassou a última fronteira que separa o Estado Democrático de Direito de uma Ditadura.
Ao utilizar o artigo 142 da Constituição
Federal para conter as gigantescas manifestações contra o seu governo, o
golpe de 2016 entrou no perigoso terreno da Intervenção Militar.
Apesar de já ter sido utilizado outras
vezes em eventos de grande porte como a Rio+20 em 2012 e a Copa das
Confederações em 2013, essa é a primeira vez que o dispositivo é
utilizado exclusivamente para amordaçar cidadãos brasileiros no seu
pleno direito constitucional de se manifestarem.
É preciso lembrarmos que esse artigo da
Constituição é exatamente o mesmo que tornou possível o golpe de 64 e
todo o horror que vivemos por mais de duas décadas decorrentes da
ascensão dos militares ao poder.
É nesse contexto que, pelo conjunto da
obra, o que se viu hoje na Esplanada dos Ministérios já pode ser
considerada como a “Batalha de 24 de maio”.
O aparato da Polícia Militar e do
Exército Brasileiro foram mobilizados para proporcionarem a mais
violenta e vergonhosa repressão aos movimentos democráticos desde a
redemocratização brasileira.
Um verdadeiro exército de PM’s e
soldados armados dispararam balas de borracha, bombas de gás
lacrimogênio e de efeito moral indiscriminadamente contra dezenas de
milhares de pessoas que pediam a saída imediata de Temer e a convocação
de eleições diretas.
O resultado foi desastroso.
Na batalha campal que se formou, dezenas
de manifestantes ficaram gravemente feridos. Em determinado momento o
Corpo de Bombeiros tiveram que escolher quais pessoas deveriam ser
atendidas primeiro. O Estado não economizou na truculência e na violação
dos direitos mais básicos do cidadão.
Como se não bastasse, sob as ordens de
Temer Brasília permanecerá sitiada, via decreto presidencial, até o dia
31/05. Até lá as tropas ficarão subordinadas ao comandante militar do
Palácio do Planalto, general de divisão Pereira Gomes.
Numa tentativa desesperada e
irresponsável de se manter no poder, Michel Temer e a corja de
quadrilheiros que invadiram o governo federal ameaçam jogar o Brasil
numa sangrenta guerra civil.
Mais do que a soberania nacional, a
dignidade brasileira e os milhões sob investigação direta do atual
mandatário do poder Executivo, o que pode ser subtraído nesse momento de
nossa cambaleante democracia são vidas de inocentes que nada mais fazem
do que exigir o seu país de volta à normalidade democrática.
Temer não possui mais qualquer condição
de se manter no poder. Se sua saída já era urgente por questões morais,
éticas, públicas e jurídicas, agora também se faz necessária em função
da defesa da segurança nacional.
O Brasil não permitirá ser escravizado por um delinquente moral incapaz de um único ato de dignidade em favor de toda uma nação.
Já não há mais saída, esse déspota deve deixar o cargo imediatamente.